domingo, 27 de julho de 2014

Escapismo mútuo.

Ela beatnik, ele Jorge Amado. Seu cabelo cor-de-rosa despista a idade que tem.
Ela beatnik, ele chora de amor. Se encontram na melancolia de um bar qualquer, afogam as mágoas, oferecem uma pro santo. Ela espera o taxi, ele espera dias melhores.
Eles dividem a mesma geração, dividem um maço de cigarros. Mas nunca dividem seus problemas. A vida é muito curta e muito louca, optam por assuntos mundanos, mas nunca dividem a mesma opinião. Eles dividem a conta.
Ela beatnik, ele Jorge Amado. Seus óculos tartaruga o fazem parecer mais velho.
Ela pede whisky, ele, atenção. Seu mundo anda pesado de mais pra se carregar sozinho. Ele precisa dividir, ela precisa de uma aspirina. Ele entende o recado. Eles dividem um taxi.
Ela quer espaço. Ele quer algo a mais. Dividem um último cigarro. Nunca dividirão a cama.

domingo, 20 de julho de 2014

Deadline.

E eu que tapei, que ignorei cada luto com distrações diversas, hoje choro por todos eles. Cada frustração adiada desabou no que parece ser o prazo final. Hoje choro cada perda, como se todos juntos entoassem em coro o seu último adeus.