quarta-feira, 22 de junho de 2011

O dia em que eu nasci.

Foi em meados de setembro. O dia, não me lembro ao certo. Mas é de se esperar que não lembremos com precisão do nosso nascimento.
O local: Hospit
al das Clínicas. Foi lá que eu cheguei ao mundo, cega e ignorante, houve choro, tensão, correria, e aquele tapa na nuca, na cara, pra me tirar o fôlego.
A morte estava lá. Eu senti. Senti o momento em que ela me pegou pelos pés, me puxou sem receio - sabia que eu era mais forte do que imaginava, que eu aguentaria o baque - me puxou com mãos gélidas e ríspidas, para o mundo.
Foi então que eu saí do útero.
Foi então que eu saí do conforto do egocentrismo, do calor, da alimentação umbilical, e caí no chão duro daquela realidade. Eu estava viva, eu estava só, e estava apta a me levantar e caminhar com as minhas próprias pernas. Aquilo era real!

Meu parto deixou cicatrizes mais profundas do que qualquer cesariana.
Minhas primeiras palavras? Foi algum poema cantado, puro e leve, que falava sobre amor.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Incompreensível.

Aquilo que não se entende, que não se nomeia, que não se percebe chegando, e nem pede permissão pra ficar.
Explode num susto, abalando fronteiras, assustando vizinhos, te deixa pálido, atônito, mudo. Muda tua forma de enxergar o tudo, e reduz a nada o teu direito de opinião. Você não escolhe. Você nem mesmo tem a chance de escolher.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Leve


"Leve a vida leve,
Como a vida deve ser.
Leve de ultraleve,
ou de balão e sem correr.
Pois a vida com pressa
não chega nem acontecer."

Ilustração: Mari Lacanna / Texto: Viny Citrus

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Estudo de cena.

Comeu a última jujuba (laranja) e foi trabalhar.
Estava em clima de festa, de sapato amarelo e Tim Maia no MP3.
Subiu dançando as escadas, e dançando abraçou a copeira. Quis postar algum trecho de música pop 80’s no seu Twitter, que mostrasse a todo mundo como estava feliz – quis até anexar uma foto do seu sorriso maior do mundo! Mas aí já seria meio over.
Bom dias sonoros, abraços de graça, podia distribuir sorrisos aos baldes, pois sabia que nessa sexta-feira eles eram infinitos, se multiplicando proporcionalmente ao aumento da sua ansiedade por aquela noite que chegava... parecia faltar zilhões de horas pra ela chegar, mas chegaria, e essa certeza a fazia aumentar o som do Tim Maia, os batimentos cardíacos e a respiração. Juntinhos!
Engraçado como o corpo inteiro ensaia pra uma noite que promete ser um espetáculo.