sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Breu

Dentro da sua cabeça fantasiam-se milhares de nomes, de dores, de datas. De contos e números fazem-se nós. De trechos obscuros fazem-se o breu. E eu te ilumino.
Te puxo prá fora do seu mundo. Vamos trocar os móveis? Sua fantasia já criou bolor.
Então você volta à velha poltrona colonial. Fecha as portas, as janelas. Passa a chave.
Do lado de fora do seu universo imaginário, a te sinalizar com uma lanterna em código morse, eu tento te iluminar.
Mas você já faz parte da mobília.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

(Notinhas de gaveta)

Aquela palavra refletiu no meu peito em zilhões de cores. E qualquer sentimento ficou pequeno pra ela. Era preciso classificar um sentimento diferente, para cada batimento cardíaco.
Talvez se eu os classificasse por notas, teria assim uma canção.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Monocromático.

Numa quarta feira de chuva, ele concluiu.
O amor é um sentimento supervalorizado.
Talvez pela frieza daquela quarta feira, se percebeu frio por dentro. No espelho se viu cinza. Tudo se misturava no cinza, pele, peito, olhos. A cidade era cinza também.
Pensou no filme preto e branco, que contava uma história de amor. Não convencia. Era inconcebível que no preto e branco houvesse lugar para mais uma cor.
Mais do que supervalorizado, o amor era inventado.
Então viveu assim! Preto no branco, submerso em cinza.
Orgulhoso da sua conclusão, recebia como um imponente anfitrião, cada gota da chuva.
Mas bem lá no fundo, implorava por um arco-íris.