quarta-feira, 22 de junho de 2011

O dia em que eu nasci.

Foi em meados de setembro. O dia, não me lembro ao certo. Mas é de se esperar que não lembremos com precisão do nosso nascimento.
O local: Hospit
al das Clínicas. Foi lá que eu cheguei ao mundo, cega e ignorante, houve choro, tensão, correria, e aquele tapa na nuca, na cara, pra me tirar o fôlego.
A morte estava lá. Eu senti. Senti o momento em que ela me pegou pelos pés, me puxou sem receio - sabia que eu era mais forte do que imaginava, que eu aguentaria o baque - me puxou com mãos gélidas e ríspidas, para o mundo.
Foi então que eu saí do útero.
Foi então que eu saí do conforto do egocentrismo, do calor, da alimentação umbilical, e caí no chão duro daquela realidade. Eu estava viva, eu estava só, e estava apta a me levantar e caminhar com as minhas próprias pernas. Aquilo era real!

Meu parto deixou cicatrizes mais profundas do que qualquer cesariana.
Minhas primeiras palavras? Foi algum poema cantado, puro e leve, que falava sobre amor.